sábado, 7 de julho de 2007

WEB MOM

Propagandas de dia das mães costumam citar tipos de mãe: a clássica, a descolada, a elegante, a preocupada....Mas ninguém de um tipo recente, cujos filhos perambulam pelo planeta, e que para falar com as crianças é preciso se tornar uma WEB MOM.
A web mom tem 2 ferramentas fundamentais: MSN e SKYP. Não pense que é ruim. Não precisa se preocupar se tem comida na geladeira ou se as meias ainda estao no cesto ou na gaveta. Também não precisa acordar de madrugada pra saber se as crianças já chegaram em casa. Só tem que se preocupar com o fuso horário, que no meu caso varia de - 4 a + 6 hs. Considerando os trabalhos e as escolas do -4, sobram as longas madrugadas, onde teclamos avidamente e parece que estamos pertinho. Dá pra falar bobagem, rir sozinha, escrever tudo errado e ainda assim entender tudo o que se escreve exceto quando aparecem dezenas de consoantes ao acaso... então ele entende que eu adormeci sobre o lep top.
No caso do +6 é de dia mesmo, por que quando eu me deito, lá pela meia noite ou uma da manha, ele esta dormindo. Passamos a tarde com o MSN ligado em nossos trabalhos e trocamos comentários como quem está na sala ao lado, vibramos juntos com as vitórias e com as não vitórias... Bem, nas não vitórias entra o skype, seja qual for o fuso horário.
Normalmente acho divertido ser uma web mom, o problema é que o computador não é um chip que fica debaixo da pele (... ainda), e nem sempre os meninos estão plugados....
E assim foi neste final de semana. Aqui em casa sempre que alguém volta (ou voltava?.. prefiro pensar que web mom é um estado temporário...) de viagem, juntam-se os três pra atualizar a conversa e saber das fofocas da viagem. Para mim este é um dos motivos mais gostosos de voltar pra casa, aplacando um pouco o bode que todo fim de férias dá. Neste domingo, quando voltei de viagem a web mom se deu mal... ninguém estava plugado. Nada que não pudesse ser contado no dia seguinte, como foi... das 5 as 8 esta manha...
Enquanto falava (digo teclava) com -4 no MSN, escrevia este post e quando demorava um pouquinho pra responder ele reclamava – vou dormir... os seus textos são mais importantes do que eu tenho pra te contar...
Ahhh, os WEB BOYS...

Adrica

Tomei um susto quando me dei conta que não a via há quarenta anos. É como se todo o tempo passado estava dentro de uma cesta. A mesma cesta de sempre, as unidades de tempo é que foram ficando menores e se amontoavamm naquele mesmo espaço. Quarenta anos couberam dentro da cesta, e ela estava aqui debaixo do meu braço, pronta para ser revirada a qualquer momento.
E que revirada! Vê-la no meu atelier, me contando historias de pessoas esquecidas, tocando minhas coisas, cheirava a “ de volta pro futuro”.
Lembrei-me de quando ela ia brincar em casa, minha mãe comemorava sua partida – Ufa, quanto barulho vocês fazem quando estão juntas... parece que tem 10 crianças aqui!
Na casa dela tomava-se mate gelado no lugar de refrigerantes e mastigava-se cenouras no lugar de chicletes. E tinha que mastigar de boca fechada, dizia sisuda a mãe dela, para não fazer barulho. Comia escondido, pois dentro da minha cabeça era um barulho inaquietável. Não tinha medo dela, não era do tipo que batia em ninguém, ao menos que eu soubesse – mas tinha respeito por aquele olhar AR15 de reprovação. Longe de seus olhos, pulávamos nas camas, fazíamos chuva de grama e guerra de travesseiros.
Ao final da tarde as crianças tomavam banho e se preparavam para o jantar, servido a francesa por copeiras portuguesas( (legitimas, importadas mesmo), e era quando chegava o pai: um sujeito polêmico, divertido, mas de uma alegria que eu, criança, não conseguia entender. Falava coisas que os adultos riam, pintava mulheres nuas que ficavam expostas na sala de jantar. Mesmo sem entender eu o admirava. Foi o primeiro artista plástico que conheci pessoalmente.
Agora minha missão é transformar o jazigo deste homem em uma obra de arte, com os elementos que fizeram a ultima fase de sua vida.
Ela me traz uma foto da casa na Ilha onde viveu seus últimos e mais felizes anos. Grandes janelas e um deck de madeira sobre o mar. Não é Isla Negra, nem a Sebastiana, mas poderia ser... O que é isto tudo? E eu trançando cordas de vidro, aflita por ver o mar.
Eu que nasci no mar, e amo o mar, como amo a poesia e a pintura, e o vidro, e a vida, como uma grande e inquieta onda do mar.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Cadê o Controle Remoto?

Não gosto de televisão. Principalmente dos programas de TV, temperados de propaganda e previws, que se repetem e repetem até que vc decore cada um deles. Filmes são sagrados e o Animal Planet também (carinhosamente apelidado de TV Bichinho). Com o advento do controle remoto, mais especificamente da função sleep, a TV ganhou a mais nobre das funções: me fazer dormir. Ler também faz, mas dá trabalho. Ver TV é uma aadorável preguiça que alveja pensamentos. Bastam 30 minutos e raramente me lembro o que foi que vi antes de dormir. Sábias invenções da modernidade.
Há quem ria disto, mas o lugar onde guardo o controle remoto é debaixo do travesseiro. Na condição de memória que me encontro, ando obsessiva com os lugares de certas coisas, pois só eu sei o diabo que é acha-las depois.
Estes dias o controle me pregou uma peça. Passava um filme do gênero ficção cientifica e eu não estava entendo nada. Mas como nada é preciso entender quando se espera o sono chegar, continuei assistindo. O sono não vinha e o filme prosseguia, com uma mulher linda e malvada que se transforma nos vários personagens do filme. Num determinado momento o protagonista fala com um certo “senhor”, que mais parece um guru, dono de uma sabedoria que parece explicar ao jovem desesperado os mistérios que vem acontecendo. E na tela começa a piscar em amarelo 60,59,58,57..... o timing está terminando e passo a mão debaixo do travesseiro para prorroga-lo, mas o controle não esta lá. Cadê o controle? Sento-me na cama totalmente desperta, dividida entre ouvir o que o sujeito fala e achar o controle “... não é possível levar uma vida feliz e com significado...” 3,2,1... ATÉ LOGO.